quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Saída de emergência

Acostumada ao desconforto do teu braço sob a minha nuca, o sono agora custa a chegar. Tento encontrá-lo na memória do teu cheiro, das tuas mãos invasoras e até do teu ronco. Mas as horas voam numa lentidão angustiante. O meu corpo confunde a ausência dos teus braços com doença e febreja. Talvez as nossas horas não tenham passado de lembranças fabricadas. Talvez as minhas pernas nunca tenham estado envoltas em teus quadris. Talvez tua língua nunca tenha se escondido entre as minhas coxas. E porque há sempre duas histórias nas minhas linhas traçadas_ uma que é narrada pelas palavras e outra, contada pelos silêncios_ o teu nome continua obscuro, escondido entre os meus lábios adormecidos. Eu, Madalena nunca arrependida, vejo nos teus turvos entremeios a analgesia para as minhas vontades espartilhadas. Acostumada ao teu corpo sobre o meu corpo sem quaisquer pudores católicos, não enxergo a saída de emergência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá!Deixe seu comentário.Seja educado e responsável,ok?