terça-feira, 5 de junho de 2012

Entranhas

Perco-me sempre neste transitar das tuas palavras não ditas. Tuas palavras malditas. Não sei ao certo que ler nestes teus olhos acusativos. Estes teus olhos que só fazem causar-me indigestões. E oferece-me tua alma. Diz-me teu preço. Que pensas? Acaso sou alguma espécie de diabo ou demónio? Não interessa-me o preço da tua alma. Se ela está à venda, não interessa-me. Tu não vieste das minhas entranhas, mas persiste em nelas morar. Somos sempre as mesmas palavras derramadas. As mesmas palavras entrevadas.As mesmas malditas palavras. Não cansaste-te disto? Tuas litanias ferem os meus ouvidos. Desconcertam-me. E vejo que viciei-me no amargor dos teus lábios. Só teu veneno cura-me da paz abominável. Viciamo-nos nesta brincadeira de fazer doer. Tens a arte da contemplação dos olhos meus rasos d'água. E eu, só eu sei como preferes que cravem-te o punhal. As tuas notas, todas as notas da tua canção de leviandade penetram-me desde antes dos nossos olhos se estranharem. Nossos olhos, que a despeito do espaço, insistem em se enterrarem. E as palavras esquecidas, existiriam de fato? As palavras,tais quais espadas afiadas, tornam as feridas cada vez mais profundas. E nossos grilhões? Quando os deixaremos? Sete vezes tentei fugir. Mas minhas entranhas ainda guardam o perfume do teu silêncio.

Um comentário:

  1. ... não ousarei arriscar uma palavra para descrever o que senti lendo o seu texto, no entanto, posso te dizer que a intenção da pobrezinha seria a das melhores!!!

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