quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A conversa notívaga

Quem dorme? Eu não durmo. Não consigo. E já nem tento. Tu dormes? Sabe aquela conversa que nós nunca tivemos? Ela está aqui. Viva, extensa, eterna. É, é ela. Há quanto tempo não conversamos? Não,não falo dessas frivolidades que dizemos um ao outro e fingimo-nos satisfeitos. Estou a falar de uma conversa de verdade. De falar e falar e expor o que temos dentro do coração. Será que podemos conversar agora? É que eu preciso mesmo falar. Preciso que compreendas o que eu digo. Podes, por favor, prestar atenção em mim? É que faltava-me coragem. Estive pensando em nós. Nas nossas conversas antigas. Falávamos sobre tudo. Sinto tanto a falta disso! Não, mentira. Eu falava sobre tudo. Acho que obriguei-te a gostar de mim. A culpa é toda minha. E fui eu também quem fez que deixasses de desejar-me. Eu sei que errei primeiro. Nada faz sentido. Acho que é o sono. Mas tenho medo de pegar no sono. Vou perder a coragem de falar. Será que amanhã vais me escutar? Falta pouco para amanhecer. O dia quer clarear. Minhas pálpebras pesam. Não posso dormir. Não quero que o amanhã se transforme em hoje. Lembras da nossa primeira conversa? Acho que não. Eu lembro. Eu a planejei. Eu queria-te tanto e tão bem! Será que amanhã ainda vou gostar de ti? Estou a perder as forças. O sono está a vencer-me. Mais uma vez adio nossa conversa. E nossa vida vai ficando para um depois que nunca há-de existir. Ficarei cá só mais alguns minutos. Prometo voltar logo para a cama. Nossa cama fria. Dorme. Eu durmo. Não sonhamos. Os sonhos, estes também ficam para depois. Quem dorme? Tu dormes belo e sereno. Meu anjo intocável. Conversamos amanhã.

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