sábado, 12 de maio de 2012

Às margens do tempo

Gelam-me as mãos e os pés. Gela a minha alma. E começa a aquecer o tempo. E nós, temos mais tempo? Não temos tempo. O nosso tempo acabou. O nosso tempo nunca foi.E não entendo esta minha mania de tocar no passado. De lamentar o passado. De respirar o passado. Para a eternidade será ele o meu mal resolvido assunto. E todas as outras histórias que tento tecer no meu tapete acabam por enlaçar-se nesta história antiga. Tempo. Qual tempo foi nosso tempo? É pena o nosso tempo não ser o mesmo tempo. És passado? És futuro? Presente não és. Isto sei. Será que nunca presente serás? E por vezes nossos diferentes tempos entrelaçam-se. E confundem-se. E perco-me. Mas meu destino são águas de um rio que flui para o mar. E meu presente, por ora, é a terra, esta terra. E o tempo? Qual tempo? Não sei que tempo é o nosso tempo. Só sei que foi teu fluir calmo e constante que avassalou-me. Todos os meus segredos, tuas correntes os levam. És presente. O nosso tempo é agora. Mas nosso tempo não demora. E o silêncio. Por que foi que desaprendemos a ouvir o som do nada? Teu silêncio é um tormento. Tua mudez desconcerta-me. Desalinha-me. E acalma-me. E o tempo? Muda o tempo. Este é nosso tempo? Chove. E permaneço às margens de ti.

Um comentário:

  1. Já estás com um certo ar lusitano, sabias? Bem, vc sabe que eu gosto muito de prosa poética com assindéticas e absolutas. Ficou muito bom o encadeamento tempo -> silêncio -> chuva -> rio. Isto é, você fluiu o texto com elementos léxicos de fluidez. :)

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