quarta-feira, 2 de março de 2011

O mar e eu

Entrei nesse beco sem saída e a tristeza me consome. Vou nadando contra a correnteza, mas a todo instante temo não ter forças e me afogar em meio ao tédio, a essa tristeza, a esse vazio medonho... Meu grito de desespero não produz som algum. Nem toque do cair dos cacos do meu coração ao solo foi ouvido. É essa ânsia por fogo que me destrói. O extraordinário não existe. Apenas há a mediocridade, esse lago sem fundo que me leva. Lago impiedoso. E nesse lago, meu fôlego vai acabando. E com ele também vai meu desejo por respirar. Será que sempre será tudo só isso? Tão pouco! Por que meus braços não são mais fortes? Por que não nado com mais força? Será que, no fundo, quero me afogar? E digo: "Ágata, não há um barco se quer a lhe resgatar. Não há. Nunca houve. Nunca haverá. Afoga-te." Mas no fundo, lá no fundo do meu íntimo ouço uma voz que diz: "Sobreviva! Sobreviva mais este dia. Levanta-te, Ágata. Não deixe o mar a tragar. Não desista da pena, pois esta nunca a abandonará. Irá contigo até o fim de seus dias. E quem sabe,não será ela sempre tua única companhia." Mas esse medo da vida, esse medo de mim mesma, dos meus sentimentos, minhas paixões, meus desejos, esse medo me leva à praia e lança-me ao mar. E então, eu não existo mais. Eu existo, aliás. O mar sou eu e eu sou o mar.

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